
Vila Joana
December 15, 2022
Casa da Condessa d’Edla
December 15, 2022“A Vila Edith, nome da minha Avó materna, foi mandada construir por Francisco Libório da Silva, meu Bisavô, na última década do século XIX. A casa demorou três anos a ser construída e custou três contos de réis.
O construtor, António Gaspar, foi o mesmo que construiu a vivenda Henriqueta, propriedade de Domingos José de Moraes, numa rua da Parede que tem o seu nome, situada em frente do antigo cinema ao ar-livre, o Parque Oceano, uma casa com azulejos iguais ao da vila Edith.
Na altura, só lhe venderam os terrenos envolventes àquele onde foi construída a casa depois dos alicerces desta estarem concluídos, razão porque esta ficou localizada em cima da estrada e numa posição esquinada.
Pela antiga Estrada Real, actualmente avenida da República, passava a rede de iluminação a gás, pelo que a casa, situada na mesma avenida, ainda hoje mantém a tubagem da instalação de iluminação que possuía na época”…
Desta forma iniciou um breve relato, acerca desta moradia do património histórico da
Parede, Miguel Carlos Caldas Velho da Palma, bisneto de Francisco Libório da Silva.


aprovação do projecto da moradia de Francisco Libório da Silva. Em 2 de Janeiro de 1900, a respectiva licença
de construção foi concedida. Entre a data do requerimento e a sua aprovação mediaram apenas cinco dias.

aprovação do projecto da moradia de Francisco Libório da Silva. Em 2 de Janeiro de 1900, a respectiva licença
de construção foi concedida. Entre a data do requerimento e a sua aprovação mediaram apenas cinco dias.




da página seguinte. O requerimento solicitando a aprovação do projecto foi apresentado à Câmara Municipal de
Cascais em 18 de Dezembro de 1901. Dois dias após, este foi deferido com a assinatura do Presidente da autarquia,
Jaime Artur da Costa Pinto. Este andar acrescido foi executado pelo construtor Augusto Duarte Girão.

Nota para as fachadas revestidas a azulejo, que ainda se mantêm de origem.
Miguel Velho da Palma retomou a sua descrição…
…”Depois da casa pronta e como havia uma taberna para o lado da povoação, para Poente, o bisavô
comprou-a e a partir daqui construiu uma nova casa, revestida com os mesmos azulejos. Nesta casa
existe hoje um pequeno restaurante.
Comprou ainda mais terreno e decidiu construir outra casa, mais para Nascente, igualmente com
revestimento a azulejo. Por baixo desta tinha uma garagem e no andar superior criou as condições
para receber os amigos e respectivas famílias…”


segunda casa no terreno de Francisco Libório da Silva

segunda casa no terreno de Francisco Libório da Silva

Esta é a terceira casa descrita por Miguel Velho da Palma, onde o Bisavô Francisco Libório da Silva recebia os amigos. Actualmente no r/chão, outrora garagem, está instalada uma agência de viagens.
Francisco Libório da Silva era natural de Salvaterra de Magos. Percorreu uma longa estrada de trabalho, como tantos outros paredenses de adopção que subiram a pulso através de sacrifícios constantes e cujas vidas são um exemplo. Ligado ao comércio de mercearias, de marçano subiu a proprietário de várias lojas do ramo, e numa escalada de sucesso negociou produtos de terras africanas, sendo posteriormente detentor de interesses na ilha de São Tomé.
Na Parede, deixou o seu nome ligado à Associação Amadeu Duarte de que foi um dos seus fundadores e como bom ribatejano e grande aficionado pela “festa brava” conta-se que sendo detentor de dois camarotes na praça do Campo Pequeno, reservava um deles para os colaboradores das suas empresas, casou com Maria do Carmo Marques da Silva e do casamento nasceram três filhos: Victor Marques da Silva, Edith Angelina Marques da Silva e Manuel Marques da Silva.
A filha Edith Angelina casou com Luís Emílio Pereira Caldas, colaborador de seu sogro, que no ano de 1950 construiu a moradia plantada a Norte da Vila Edith.
Tiveram três filhos, Maria Luísa da Silva Pereira Caldas, Manuel António da Silva Pereira Caldas, nascido em 1923 e falecido em 1947 e Maria Manuel da Silva Pereira Caldas, nascida em 1925.



Em Cima:
O casal com a filha Maria Madalena Caldas Velho da Palma
Em Baixo:
Miguel Carlos, Manuel Pedro, Mafalda Maria, Tiago António e Maria Beatriz Caldas Velho da Palma
Anos antes, António Vaz Velho da Palma, oficial do Exército, decide, por razões de saúde dos seus dois filhos, António Jaime e sua irmã Joana, enviá-los para a Parede, procurando nos ares desta terra a cura para uma poliomielite que atacara os dois.
Junto ao mar, no casario da vila Gouveia, alugou uma das casas e todas as semanas vinha visitar os filhos, que entretanto deixara ao cuidado de uma ama. Na época, como capitão do Exército a prestar serviço na cidade de Tomar, a situação não lhe permitia um acompanhamento diário junto dos filhos.
Esta a razão da vinda de António Jaime para a Parede, onde na década de 40 casou com Maria Luísa da Silva Pereira Caldas, indo habitar a casa construída por seus sogros, como referido anterior.
Actualmente, alienadas as casas construídas por Francisco Libório da Silva, ficou na posse da família apenas aquela que Luís Emílio Pereira Caldas construiu e onde, no r/chão, cresceram os seis filhos do casal Maria Luísa da Silva Pereira Caldas e António Jaime dos Santos Velho da Palma.
dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima


