
Casal de S. José
December 15, 2022
Vila Alice
December 15, 2022Com o início do processo que levaria à construção do Chalet Álvares no ano de 1908, por iniciativa do seu primeiro proprietário, o Dr. Camilo Dionísio Álvares, o património arquitectónico da Parede ficou enriquecido com mais um edifício de características únicas, a juntar a outros da mesma época, seguindo o exemplo do vice-almirante José Nunes da Matta e do grupo dos seus amigos que nos primeiros anos do século XX ajudaram ao desenvolvimento
urbanístico desta terra.
Noutros capítulos foram feitas referências à Casa das Pedras do comandante Manuel Azevedo Gomes, à Casa da Quinta da Condessa d’Edla, à Casa da Mata do vice-almirante Nunes da Matta, à Vila Joana do vice-almirante Vicente Almeida d’Eça, ao Casal de S. José do Dr. Eurico Fernandes Lisboa, à Vila Edith de Francisco Libório da Silva, à Vila Alice onde viveu o capitão piloto aviador Celestino Paes de Ramos, ao Palácio Fiuza que foi sede do Colégio Portugal, à Vivenda Henriqueta da família de Domingos José de Moraes ou à Casa do Patriarca, mais conhecida por Clínica Hélio Marítima, citando apenas algumas de entre muitas outras que na generalidade continuam a fazer parte da paisagem da Parede.
Casas que tendo sido adquiridas, algumas delas, por proprietários fora das famílias que as construíram, mantêm, apesar disso, a mesma linha arquitectónica, fruto do respeito pelo passado e pela consciência da importância do legado histórico não se perder com o tempo.

Camilo Dionísio Álvares nasceu em 1876 em Goa (f.14-10-1916, em Cascais), terceiro de nove filhos de António do Rosário Gonzaga Álvares (1839-1891) e de sua mulher, Maria Luzia do Rosário de Miranda (1852-?). Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, foi Assistente na Escola Médico-cirúrgica de Lisboa e Director do Laboratório de Análises Clinicas do Hospital de S. José em Lisboa. Nesta actividade de analista, foi pioneiro nos estudos e detecção das doenças relacionados com a Medicina Tropical Portuguesa (fonte Wikipédia).
Camilo Dionísio Álvares casou com D. Maria Teresa das Neves. O casal teve duas filhas, Maria Margarida (n. 19-8-1912/f.26-1-1994) e Maria das Neves (?) e um filho, Luís das Neves Álvares (n. 3-10-1913/f.11-4-1997).


No mesmo dia, em sessão camarária, este requerimento foi deferido, procedimento que se verificou em idênticas situações respeitante a outras moradias.

para construção da sua moradia. Em 10 de Dezembro do mesmo ano de 1908, foi entregue ao construtor
Germano Pereira da Silva, o caderno de encargos a que o mesmo se obrigava na construção do edifício,
um documento de sete páginas, do qual se reproduzem apenas quatro.

tipo de materiais empregues, desde os caboucos, alvenarias, telhado, vigamentos, varandas, cave,
alpendre, etc. num total de 35 artigos


Artigo n.º 33: “Neste contracto não está compreendida a peça projectada (leia-se projecto de arquitectura), nem encanamentos no solo”.
Artigo n.º 34: “Os trabalhos deverão estar concluídos no prazo de seis meses, devendo a chave ser entregue até ao dia 30 de Junho próximo de 1909”.
Artigo n.º 35: “O empreiteiro obriga-se por sua pessoa e bens ao fiel cumprimento deste contracto, assim como o proprietário e para tal fim vão ambos assinar”.
Lisboa 10 de Dezembro de 1909

A imagem junta refere-se ao alçado Sul

Legenda:
1
“Chalet Álvares” que foi habitação do Dr. Camilo Dionísio Álvares
2
“Vivenda Alonso” que fora propriedade de Porfírio dos Santos Cartaxo, vendida em 19 de Maio de 1930 ao capitão piloto
aviador Celestino Paes de Ramos, que lhe alterou o nome para “Vivenda Alice“em homenagem a sua mulher
3
Moradia de Fernando Figueiredo Netto
4
Rua “Dr. Jacinto Nunes”
5
Rua “Dr. Camilo Dionízio Álvares”, assim denominada em homenagem a este médico,
localizada na zona Sul da Parede e paralela à linha do Caminho-de-ferro
6
“Vila Edith” de Francisco Libório da Silva
7
Edifício do “Mercado da Parede”
8
Edifício da primitiva “Escola 31 de Janeiro”
Luís das Neves Álvares, filho do Dr. Camilo Dionísio Álvares, foi um paredense que se evidenciou no desporto, integrando as equipas de atletismo do Parede Futebol Clube. A foto do ano de 1933, testemunha a sua presença junto dos atletas que conquistaram para o clube a primeira taça numa competição.

Em Pé:
Luís das Neves Álvares, Joaquim Rodrigues da Silva, João Jorge Abreu, ??, Manuel Nogueira, Francisco Nunes Matos, ??, Hilário Antunes Flor, Demóstenes d’Oliveira
De Joelhos:
Marcelino, Manuel Campos, Jaime Miranda e Francisco Paulos
No ano de 1939, a Federação Portuguesa de Hóquei em Patins, nascida no ano de 1933, organizou o primeiro campeonato nacional da modalidade. Foi um importante acontecimento que levaria anos mais tarde ao fim da hegemonia dos ingleses, tradicionais vencedores dos torneios internacionais.
Nesse primeiro ano em que o Sporting Clube de Portugal conquistou esse campeonato, vários clubes da linha de Cascais criaram as suas secções da modalidade, atraindo muitos jovens para a sua prática.
O Rádio Clube Português, estação de rádio com sede na Parede, com o parque desportivo mais importante do concelho de Cascais, também tinha a sua equipa de hóquei em patins. Luís das Neves Álvares, numa demonstração de ecletismo, fez parte da equipa aqui apresentada

Equipa de hóquei em patins do Rádio Clube Português integrando Luís Álvares
Da esquerda para a direita:
António Augusto Moita de Deus, Júlio Botelho Moniz, Luís das Neves Álvares, Augusto Osório Pereira, Mascarenhas e
Vicente Manuel de Moura Coutinho Almeida d’Eça

Luís das Neves Álvares com sua mulher, Ângela Laura Borges Rodrigues

A mudança da propriedade do Chalet Álvares para o antigo oficial da Força Aérea e actualmente comandante da aviação comercial, Ângelo Eduardo Manso Felgueiras e Sousa ocorreu no dia 24 de Maio de 2002. Na data desta escritura de venda, Luís das Neves Álvares e suas irmãs Maria e Maria Margarida já tinham falecido.
Uma filha de Maria, também de nome Margarida como sua tia e que fora herdeira desta, falecera entretanto, deixando viúvo Carl Ludwig Karsten Dietrich e foi este que veio a herdar o Chalet Álvares, juntamente com Ângela Laura Borges Rodrigues Álvares Ângela Rodrigues Álvares, embora inicialmente fosse avessa a vender a propriedade por temer o risco da moradia poder vir a ser objecto de demolição ou a sofrer alterações de vulto, acedeu a efectuar o negócio na legítima espectativa “de que iria criar aqui uma família e não iria destruir a casa para fazer um condomínio” (palavras textuais da proprietária Ângela Rodrigues).
Na realidade, pela confrontação das fotos antigas com as actuais, a traça mantém-se inalterável com total respeito pelo património arquitectónico da terra.
O comandante Ângelo Felgueiras, actual proprietário do Chalet Álvares, para além de estar ligado ao património da terra e de ser responsável pela sua preservação, como ficou notório no relato anterior, tem neste site um destaque
particular pelos feitos alcançados como desportista de uma das mais difíceis, violentas e arriscadas actividades praticadas pelo homem, o Alpinismo. As suas victórias situam-no num patamar elevadíssimo, e as referências sobre esses feitos são demonstrativas do seu valor.
Navegando pelos inúmeros “sítios” da internet, servimo-nos das descrições encontradas para traçar o seu perfil, para dar a conhecer a dimensão dos seus triunfos e também para revelar as razões altruístas que o levam a associar o gosto pela aventura com a defesa de causas solidárias.
“Ângelo Felgueiras nasceu no dia 15 de Janeiro de 1964, é presentemente piloto por opção e aventureiro por vocação, sendo a subida de montanhas o seu grande desafio.
É um alpinista movido por causas sociais, angariando dinheiro para diversos projectos solidários, destacando-se uma subida ao cume do Evereste, a montanha mais alta do mundo, em que cada metro escalado equivaleu a 1 Euro para um ATL da Galiza (S. João do Estoril).
No topo dos seus objectivos, desde que encetou este período de aventuras, figura a conquista das mais
altas montanhas de cada um dos sete continentes.
São elas:
Na Ásia, o Evereste com 8.848 metros de altitude, na fronteira entre o Nepal e o Tibete.
Na América do Sul, o Aconcágua (6962 metros), nos Andes Argentinos.
Na América do Norte, o Denali ou McKinley (6194 m), no Alasca.
Em África, o Kilimanjaro (5895 m), na Tanzânia.,
Na Europa, o Elbrus (5642 m), na cordilheira do Grande Cáucaso, na Rússia.
Na Antártida, o Monte Vinson (4892 m)
Na Oceânia, as Pirâmides de Carstensz (4884 m), na ilha da Nova Guiné, na Indonésia.
Piloto da aviação comercial desde 1988, vindo da Força Aérea Portuguesa onde ingressou em 1984, as suas aventuras pela conquista das montanhas tiveram o seu início no ano de 1997 quando aceitou o desafio de amigos para a subida do “Kilimanjaro”, a montanha mais alta de África. Seis anos mais tarde, em 2004, alcançou os 6.962 metros da montanha “Aconcágua”, uma conquista que definitivamente marcaria o seu futuro como trepador.
Não é todos os anos que uma expedição a cada um dos pontos mais altos dos continentes pode ser concretizada. Muitos detalhes e meses de preparação, são necessários quando a logística e a segurança exigem que tudo seja tratado e ponderado ao extremo.
Para Ângelo Felgueiras não terá sido difícil esta preparação quando, como ele, lida diariamente com os complexos e rigorosos planos de vôo, numa carreira profissional responsável pela vida de milhares de passageiros.
Em 2005 a subida ao “Elbrus” foi a sua 3.ª victória, seguindo-se em 2007 o “Denali”, as “Pirâmides de Carstensz” em 2008, o “Evereste” em 2010, e em Janeiro de 2012, a conquista do “Monte Vinson” na Antártida, fechando o ciclo das setes mais altas montanhas de cada continente, o objectivo perseguido no seu programa de aventura.

Da escalada do “Denali”, considerada uma das mais difíceis entre os especialistas, dá Ângelo Felgueiras detalhes dessa aventura, lutando com temperaturas entre os 10ºC e os – 40ºC, e ventos de rajadas superiores a 100Km/h.
…“Alcançar o cume a 6.194 metros de altura e numa latitude de 63 graus Norte, tem semelhanças com uma expedição aos pólos. As tendas são protegidas com blocos de gelo e na progressão, os alpinistas montam depósitos de mantimentos para assegurar a sobrevivência no regresso”.

“As tendas são protegidas com blocos de gelo e na progressão, os alpinistas montam depósitos de mantimentos para assegurar a sobrevivência no regresso”.


de altura. Em primeiro plano o Lago Ashi e ao longe, o Monte Fuji coberto de neve.

A conquista do Evereste
17 de Maio de 2010
…”O piloto/alpinista Ângelo Felgueiras chegou esta segunda-feira ao cume do Evereste, tornando-se o segundo português a pisar o ponto mais alto da Terra, depois de João Garcia, em 1999.
Escalando com oxigénio e com carregadores de altitude contratados por si, Ângelo Felgueiras iniciou a jornada decisiva pelas 20,45 do dia 16, saindo do campo 4, a 8.000 metros de altitude, rumo ao cume, que alcançou às 7h 11m.”…
O alpinista, sempre que possível envolve a família nas suas aventuras, levando-a até às proximidades possíveis.
Desta vez, acompanhou-o numa caminhada de 130 Km, entre os 2000 e os 5200 metros, até ao acampamento-base e ao glaciar de Khumbu. Foram 15 dias sem electricidade, sem casa de banho e sem água corrente.
A mulher Maria Isabel e os filhos, Manuel, Francisco e Teresa viveram mais de perto a façanha do pai na dura luta acima dos oito mil metros, obrigado a uma grande disciplina e capacidade de sofrimento só para sobreviver”




Ângelo Felgueiras, sua mulher Maria Isabel e os filhos Teresa, Francisco e Manuel



Ângelo Felgueiras, à semelhança do treino num simulador de vôo, na sua profissão na aviação comercial,
recria nesta praia alguns aspectos que poderá vir a encontrar quando enfrentar o cenário real na montanha.



dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima


