
A Família Bateira
December 15, 2022
O Mercado e os Comerciantes
December 15, 2022Praia da Parede
Outrora, a praia era procurada sobretudo como local propício ao tratamento talassoterapia da tuberculose óssea e do raquitismo.
De substrato sobretudo rochoso e declive acentuado, a praia não é favorável a banhos, embora seja fortemente procurada pelos banhistas no verão, graças à sua exposição solar.
Possui um pequeno parque de estacionamento, juntamente com bares, restaurantes, apoios de praia e postos de vigia e primeiros socorros. O acesso a pé é feito através da avenida da Marginal ou das passagens subterrâneas existentes.
Nas rochas de calcário margoso normalmente cobertas por areia, foi identificada uma jazida com pegadas de Dinossauros quadrúpedes, possivelmente Saurópodes. A superfície onde foram encontradas é irregular, o que indica a passagem de outros Dinossauros.

Foto – Diamantino Tojo
Praia das Avencas
Praia Marítima
Rodeada por arribas que se podem apreciar a partir da Estrada Marginal, a Praia das Avencas possui flora e fauna marinha de importância reconhecida, estando prevista a criação de uma zona de interesse biofísico neste local.
A Área Marinha Protegida das Avencas (também conhecida como Zona de Interesse Biofísico das Avencas ou ZIBA) é uma área intertital classificada no Plano de Ordenamento da Orla Costeira Cidadela – São Julião da Barra, e declarada como zona de interesse biofísico desde 1998, sendo reclassificada em outubro de 2016.
Esta praia de extensão reduzida situa-se junto à Praia da Parede e o seu acesso faz-se pela passagem subterrânea que a liga ao Parque de estacionamento, situado a norte da estrada marginal.
1ª área marinha protegida em Portugal
A grande Piscina Natural (água salgada) que se forma num dos lados do areal.

foto -meobeachcam
A Praia da Bafureira
Uma praia balnear de uso suspenso. situada a nascente da praia de da qual está separada por um pontão e formações rochosas. Ladeada de arribas, a sua faixa de areia, estreita, limitava-se apenas a uma zona de risco no seu sopé, classificada como instável.
O seu uso balnear foi suspenso a 4 de julho de 2017, devido à instabilidade destas e à inexistência de areal, que poderia comportar riscos de segurança para os seus utilizadores. Forma o limite poente da Zona de interessa Biofísico das Avencas.
Possui um parque de estacionamento, no topo da arriba que lhe dá acesso, bem como um restaurante e bar.

A Praia do Sanatório de Sant’ Ana

Concluída também a Estrada Marginal, no início da década de 40, já são visíveis nesta praia, toldos e barracas, conforme documenta em baixo o postal de 1942.
É correcto considerar-se que esta praia tinha banheiro a quem foi entregue a sua exploração em data anterior.


Nascido em 1914, o banheiro Quintino teria pouco mais de 20 anos quando assumiu a responsabilidade de zelar pela segurança nesta praia. Na realidade, um documento existente nos arquivos do Instituto de Socorros a Náufragos, assinala que Quintino Francisco Escaravana foi condecorado com a Medalha de Cobre deste Instituto no ano de 1938. Trata-se de um Diploma onde se relata o feito deste banheiro, ao salvar um banhista de morrer afogado, e cujo texto se transcreve conjuntamente com a nota inserta no Relatório de Gerência do ISN, relativo ao período de 1922-1942.

CMG Eduardo Maria Soares, Inspector do ISN Jaime Celestino Pereira, Chefe da Repartição de Expediente Civil


A Parede tem uma extensão de areal aproximadamente de um quilómetro. Contrariamente à praia vizinha de Carcavelos, mais longa, onde esta não sofre descontinuidade, na Parede são quatro as praias distintas utilizadas pelos seus frequentadores. Bafureira, Avencas, Solário e Central, também conhecida por Praia Grande. Uma quinta zona de areal, junto do Hospital de Sant’Ana, foi outrora zona de banhos, com vigilante e espaços resguardados do Sol, com toldos e barracas, mas o areal desapareceu e deixaram de ser vistos ali frequentadores habituais.

A praia da Bafureira foi a de menor frequência da população da Parede. Com uma acessibilidade difícil e situada numa zona limite da povoação, sem casario próximo, perdeu preferência para a praia seguinte, a das Avencas, desde longa data utilizada pelos moradores das casas a Poente, indiscutivelmente a escolhida pelas famílias habitando a rua Carlos da Maia, a avenida dos Príncipes, a rua da Vigia, a rua 3 de Maio, a rua Marquês de Pombal e todas as
outras que se situam próximo destas.
Dotada de uma extensa plataforma rochosa, a sua configuração permite a exploração de pequenos areais entre rochedos, sendo o mais procurado o chamado Caldeirão das Avencas, com fama de ali a água ter uma temperatura mais elevada.
Outro dos atractivos desta praia prende-se com a elevada quantidade de espécies da fauna marítima, constituindo um dos destinos dos praticantes da pesca amadora. De tal forma aumentou a frequência de pescadores, que actualmente as autoridades decidiram interditar a zona, classificando-a como reserva protegida.
Com criticas dos entendidos amadores que desde sempre ali pescaram – polvos, safios, camarões, peixes-burro, caranguejos, navalheiras, linguados, cações, – argumentando que nunca escassearam as espécies em dezenas de anos da sua actividade. Consideram, como causa mais provável da escassez de espécies, o deficiente
saneamento da rede urbana.

O areal a partir do aparecimento das marés vivas no mês de Setembro, quase desaparecia. O banheiro Francisco Matos, detentor da concessão de exploração dos toldos e barracas, foi construindo um paredão, entre os anos 50 e 60,
a partir do qual a fuga da areia deixou de constituir um acontecimento.
Este episódio da construção de um paredão, por decisão própria do banheiro desta praia, constitui um caso curioso de iniciativa. Mexendo com o domínio público marítimo, levou a cabo os trabalhos sem qualquer tipo de projecto e muito menos sem qualquer alvará de licenciamento que permitisse a execução da obra.
Inclusivamente, o paredão, visível no postal seguinte, deu lugar ao aparecimento de uma área de piscina em que as paredes constituíram autênticos quebra-mar, permitindo a sua utilização no período de baixa-mar.
Ficou resolvido o problema desta praia, com significativo aumento do areal e maior espaço para colocação de toldos e barracas de aluguer, embora a consequência directa fosse o prejuízo causado nas praias vizinhas, deixando nestas, a descoberto, maior área rochosa.



José Luís Almeida Ricardo, Eduardo Madeira, J. Madeira, Luís Cordes Marques do Carmo, Henrique Madeira, Fernando Ferreira dos Santos e Carlos Pinto dos Santos

Plácido Branco Martins, António Branquinho de Oliveira Lobo, António Augusto Faria da Silva, António Alfaia Pinto
Pereira, Manuel Alfaia Pinto Pereira, Rui Alves da Cunha e Eusébio Marques de Carvalho
Ao longo de várias décadas as praias da Parede foram sendo locais de frequência de banhistas fieis, que ano após ano voltavam invariavelmente, não só à mesma praia mas teimando em se situar na mesma zona destas. Muitos alugavam toldos e barracas protectoras, e ao retornarem encontravam junto de si as mesmas famílias de anos anteriores.
Era o tempo do longo período de férias de Verão, que se prolongava por vários meses, com início para muitas escolas no final de Junho e apenas se dando início a novo ano léctivo no dia 6 de Outubro.
Viviam-se 3 meses de praia e de saudável convívio, com fortalecimento do clima de amizade
entre paredenses residentes, e com aqueles que todos os anos voltavam nesta época.

Este registo, é o mais antigo conseguido de um grupo de banhistas na praia das Avencas.
Da esquerda para a direita:
Carlos Eurico, Artur Rosa (amigo), Pedro Eurico e João Eurico Corrêa Lisboa.
Nas décadas de 40, de 50 e de 60 do século passado, em qualquer das praias já referidas, este facto repetia-se.
São muitos os registos recolhidos, onde uma juventude despreocupada se reunia diariamente, praticando natação e remo, manobrando pequenas embarcações típicas da Parede, os denominados “charutos” e as “chatas”, cuja história e seus construtores adiante se desenvolve.


Na foto, 4 amigos moradores na rua da Vigia, frequentadores da praia das Avencas: José Luís de Almeida Ricardo, Carlos Pinto dos Santos, Henrique Nuno de Melo Pereira Maia e João Francisco de Almeida Ricardo

frequentadores desta praia e moradores nas ruas da Vigia e José Carlos da Maia, da esquerda para a direita:
Carlos Pinto dos Santos (Lecas), José António de Almeida, Manuel Tavares Caio, Fernando Ferreira dos Santos (Formoso), Rui Manuel Alves da Cunha (Botas), António Branquinho de Oliveira Lobo e Eusébio Marques de Carvalho (Bibas) Na frente, de boina, um banheiro

Em pé:
João Francisco de Almeida Ricardo, Fernando Ferreira dos Santos (Formoso), Dr. Félix, Henrique Madeira,
José António de Almeida, José Luís de Almeida Ricardo, Carlos Pinto dos Santos (Lecas), Eduardo Madeira, Luís Cordes Marques do Carmo, Carlos Mar, J. Madeira
Sentados:
Rui Manuel Alves da Cunha, Luís Filipe Costa e Silva Figueiredo (Gi), Maria de Lourdes, Elisabeth Baptista “Bety”,
Maria Natália Marques de Carvalho, Maria Leonor de Melo Pereira Maia (Bé), Eliana Alves da Cunha (Ninita),
Fernando Matos (filho do banheiro Francisco Matos), Eusébio Marques de Carvalho “Bibas”, Jorge Ferreira dos Santos (Joy), Alfredo Henrique Ferreira dos Santos “Fêdo”


Em baixo: Leonor Campos Soares e Isabel Campos Soares


Depois das “Avencas”, caminhando para Nascente, segue-se a “Praia do Solário” cujo nome deriva de ali ter sido construído um espaço destinado a banhos de Sol, beneficiando os doentes a quem fora diagnosticada doença óssea e para quem a medicina recomendava a exposição ao Sol e ao ar iodado deste local privilegiado.
É uma praia com areal reduzido e zona rochosa significativa.
O “Solário”, já destacado no capítulo deste livro “Associação de Beneficência e Socorro Amadeu Duarte” é actualmente um espaço desactivado do fim para que foi construído, e tem sofrido alterações diversas. Ali funciona, neste princípio de século, um restaurante.




A manutenção e guarda do espaço fechado inaugurado em 1930, foi da responsabilidade do bombeiro António Pimentel, habitando em moradia junto ao Solário, com sua mulher, D. Lúcia da Purificação Marques e seu filho António, este também bombeiro.


À “Praia Grande” afluíam os banhistas moradores no casario próximo, mas também muitos que para ali se dirigiam vindos do Alto da Parede e das ruas centrais, acima e abaixo da linha do caminho-de-ferro.
Possuindo um areal suficientemente largo que lhe permitia manter toldos e barracas em zonas secas, mesmo nas horas de maré cheia, foi durante vários anos a praia escolhida pelos forasteiros vindos de outras localidades e aquela que dispunha de maior número de banheiros.
Tinha, inclusivamente, duas zonas distintas, cuja exploração e responsabilidade fora concessionada a diferentes banheiros, sendo estes auxiliados por outros mais.
Um largo parque de estacionamento facilitava a sua utilização por quem a ela se dirigia utilizando
viatura o que ainda acontece na actualidade.
As fotos seguintes, algumas anteriores à construção da Estrada Marginal, mostram a
evolução desta praia e de toda a zona envolvente.

que no postal já é visível. Este hospital foi construído entre os anos de 1901 e 1912

A casa do Patriarca, construída no ano de 1902, assim denominada por ter sido residência do cardeal patriarca de Lisboa, D. José Neto e futura clinica Hélio Marítima, já é visível à esquerda da vivenda Sophia.

Não se conhece exactamente a data em que foram concessionadas as praias da Parede, embora postais já aqui apresentados do início do século XX mostrem toldos e barracas protectoras do Sol, montadas desde longa data.
Certamente que estas ali foram instaladas por alguém a quem fora concessionada a exploração daqueles areais. Na década de 30 do século passado registam-se, em documentos oficiais, acontecimentos onde nos é dado a conhecer quem foram esses concessionados, muitos deles figuras bem conhecidas, que ficaram ligados a gerações de paredenses ao longo das décadas de 40, 50, 60 e ainda mais recentes.
Na Praia Grande, Vicente Ferreira Gonçalves é sem dúvida o banheiro com maior ligação aos frequentadores daquela praia, responsável pela exploração e guarda da zona oriental deste areal, ajudado entre outros por seus filhos, Jorge (Gica) e Rui, pelo sobrinho Juvenal Xavier de Lima (Naná) ou ainda por Duarte Mota (Farmácias). Estes, para além de cuidarem da segurança dos banhistas, armavam e desarmavam, no início e no final do dia, os toldos e barracas.
Vicente Gonçalves ministrava lições de natação às crianças, sendo presença notada manobrando pequenas embarcações numa acção vigilante de aconselhamento dos mais imprevidentes.


O banheiro Vicente manobrando uma “chata” até à praia, enquanto seu filho Jorge segura um “charuto”



Não foi apenas Vicente Gonçalves o banheiro que angariou simpatias e deixou saudade na memória dos frequentadores desta praia. Na zona Poente do areal, João Loureiro da Silva, conhecido por João Tomé (4-3-1926 / 2-1-1995) foi outro dos banheiros que deixou uma marca entre os veraneantes.

introduzida no equipamento.

João Tomé (4-3-1926 / 2-1-1995)
Nos anos 40, 50 e 60 do século passado, a circunstância da juventude ter cerca de três meses de férias de Verão, iniciadas ao longo de Junho e terminadas por norma em 6 de Outubro, facilitava um prolongado convívio, sendo a praia o local de encontro preferido. São vários os testemunhos cedidos, apresentando frequentadores cuja memória, de alguns, aqui se recorda.

José Queiroga Tavares (Baratão) (1), Agostinho Tavares (2), irmã de 2 (3), António Carvalho “primo de 1” (4),
Alberto Calado (5), José Ivo da Silveira (6), Maria Emília Gouveia (Miló) (7), Joaquim Jovita (Quim) (8),
Maria Teresa de Almeida Martins (9), ? (10), Humberto Rodrigues (11), Maria Cristina Gouveia (12),?? (13)

Maria de Lourdes Lobo, Maria Teresa Brum da Silveira, Marília Silva Pinto, Maria de Lourdes Gomes de Deus, Maria José Cardoso Lopes, Maria Antonieta Gomes de Deus, Maria Fernanda Gomes de Deus (Penam), Maria da Conceição Cardoso Lopes, Maria Emília Gomes de Deus

Helena Patrocínio (4)



O Jornal “O Século” de 2 de Setembro de 1930 informava:
Por causa de nevoeiro encalhou na Bafureira o vapor de pesca “Espadarte” tendo-se salvo a sua tripulação. Na manhã de ontem um denso nevoeiro envolveu o estuário do Tejo e a barra, a ponto de não se divisar a orla das águas, na rebentação.
De vez em quando ouvia-se o silvo de um barco que demandava o porto e, pouco depois, tudo voltava à quietação de antes.
Nas praias, onde a afluência de banhistas é grande nesta quadra do ano, viam-se poucas pessoas a tomar banho, porque a agitação das águas, em grandes vagas, impedia que as mais tímidas e as que não sabem nadar se afoitassem.
Cerca das 11 horas, os banhistas que se encontravam na enseada da Bafureira, entre Parede e S. Pedro do Estoril, notaram que um prolongado e repetido silvo se ouvia, dando a impressão de um barco que pedisse socorro.
Por momentos o silvo deixou de se ouvir, para se tornar mais vibrante e repetido à sua aproximação de terra.
Tornou-se também notado o silvo do Colégio da Bafureira, tendo a sua proprietária, Sr.ª D. Júlia Reis o pressentimento de que se tratava de um barco em perigo.
Comunicou então o que se passava para os Bombeiros Voluntários de Cascais, pedindo o envio do barco salva-vidas.
Entretanto, o nevoeiro ia-se dissipando e o Sol permitiu que se divisasse a situação do barco em perigo.
De bordo faziam os tripulantes os mais desesperados esforços para manter o navio à flutuação procurando desviá-lo das rochas.
A esses esforços opunham-se as alterosas vagas que lambiam todo o convés do navio e o atiravam para as rochas.
Pelas 13 horas foi possível divisar de terra o nome do barco. Tratava-se do navio de pesca “Espadarte” da Sociedade de Pescas a vapor Espadarte Lda, com sede na rua da Madalena, em Lisboa.
Pouco depois, seriam 13 e 15, o Espadarte adornou a estibordo, dando a impressão de que se ia submergir. Essa situação tornou-se, porém, estável, por o barco ter encalhado nas rochas a pouco mais de 100 metros da costa.
Começaram então horas de ansiedade para os dezanove homens da tripulação que se viam numa situação aflitiva, dada a grande rebentação do mar.
Faziam os mais desesperados sinais para terra, em busca de uma salvação que se lhes antolhava difícil, e da praia apenas lhes podiam responder com sinais indicativos da posição das rochas.
Chegaram primeiro os Bombeiros Voluntários de Parede, com todo o seu material, mas os seus esforços foram impotentes por falta de material adequado ao salvamento de náufragos.
Lançaram-se então à água os senhores Luís da Veiga Pinto, Cláudio Azambuja Martins, Eduardo Gomes da Costa e Fernando Silva, que se dirigiram para bordo do “Espadarte” a fim de transportarem para terra um cabo que permitisse estabelecer um vai-vem.
A luta entre as vagas e estes quatro homens foi seguida de terra com grande ansiedade, pois os arrojados nadadores eram obrigados a nadar em sentido oposto ao do barco encalhado, para que as ondas os atirassem para o local onde este se encontrava.
De bordo lançaram então um cabo que os nadadores trouxeram para terra, em luta com as ondas que cada vez se erguiam mais alterosas.
Ao aproximarem-se de terra, o nadador Fernando Silva, de 15 anos de idade, foi envolvido pelas ondas e os seus companheiros viram-se obrigados a largar o cabo para prestar socorro ao seu camarada que se encontrava em perigo de vida, trazendo-o para terra desfalecido.
Entretanto, comparecia também na Bafureira, o senhor Pedro de Alcântara Gonçalves , banheiro e encarregado do posto de socorros a náufragos da Parede, que trazia consigo o material a seu cargo.
Entretanto, o tripulante do “Espadarte” Francisco da Costa Trabucho, lançava-se à água trazendo preso à cintura um cabo que permitiria estabelecer o vai-vem.
Os seus esforços, desesperados por vezes, não chegaram a ser utilizados porque o mar retardou a sua chegada a terra.
A seguir os tripulantes Manuel Alberto Júnior e Abel de Brito tomaram lugar num dos escaleres de bordo e remando desesperadamente, conseguiram alcançar terra.
Foi então utilizado um cabo de vai-vem estabelecido pelos Bombeiros Voluntários de Carcavelos, entretanto também no local.
Como o mar amainasse um pouco, o serviço de salvamento passou a ser feito num escaler, vindo para terra os tripulantes e tendo ficado a bordo, por não quererem abandonar o navio, o comandante Sr. Manuel Martins Lopes e o primeiro maquinista António Trabucho, tendo este abandonado pouco depois o navio.
Às 22 horas, esgotadas as possibilidades de salvamento do “Espadarte”, por ter passado a preia-mar, o comandante Martins Lopes abandonou o navio.
Diariamente, o jornal “O Século” fazia o ponto da situação do navio. Foi assim na edição do dia 3 de Setembro em que anuncia que o navio “Patrão Lopes” sob o comando do comandante Amor Monteiro de Barros se mantinha na área do encalhe.
Refere ainda que o “Espadarte” saíra de Lisboa a 17 de Agosto para a pesca do alto, tendo pairado por alturas do Cabo Juby.
Depois de ter a bordo 32 toneladas de peixe regressou ao Tejo.
O nevoeiro no Cabo Espichel precipitou o encalhe.
O “Espadarte” é um navio de 250 toneladas, construído em 1905 nos estaleiros de Glasgow. Está avaliado em 1.200 contos estando segurado por 800 contos.
A 4 de Setembro, o navio continuava encalhado e os socorros, perante a situação, ciavam a retirada. No local mantinha-se o navio “Patrão Lopes” e o rebocador “Cabo da Roca”.
O comandante decidiu então retirar a bandeira do navio, sinal de abandono e consequente entrega deste à Seguradora.
No entanto, a 6 de Setembro o “Espadarte” deu de si, o que permitiu pensar que poderia ser posto a flutuar por se ter libertado das rochas. Efectivamente, no dia seguinte, pelas 14,30 horas, é posto a flutuar e rebocado para a Margueira pelos rebocadores “Foca” e “Garrett”.
Por precaução ficou fundeado junto à praia de Pedrouços.
Na sequência das notícias publicadas, uma semana decorrida, o Século de 3.ª feira, dia 9 de Setembro de 1930, informava:
Encontra-se fundeado na Cova da Piedade o vapor de Pesca “Espadarte” que viera de Algés na madrugada de ante-ontem.
Aquele barco está a flutuar não tendo sido necessário encalhá-lona areia. A bordo, apenas uma bomba se conserva trabalhando no esgotamento da água.
Depois de ser descarregado do carvão, o “Espadarte” deve dar entrada na doca seca para reparações.
Largamente noticiada a acção abnegada de vários voluntários, de entre estes Cláudio Coutinho de Azambuja Martins, então coma idade de 18 anos incompletos, na tentativa de salvamento da tripulação do navio.
A este paredense foi posteriormente outorgada a Medalha de Cobre de Coragem, Abnegação e Humanidade do Instituto de Socorros a Náufragos.
O texto do louvor inserto no Diploma refere esta concessão por
Em 1 de Setembro de 1930, na Praia da Bafureira, se haver lançado ao mar a fim de tentar levar uma retenida de bordo do vapor «Espadarte» que se achava encalhado nas rochas e em perigo, a fim de estabelecer o cabo vai-vem para terra, não o conseguindo por ter de acudir a um seu companheiro que foi envolvido pelas ondas, tendo de largar o cabo para lhe prestar socorro.”
Cláudio de Azambuja Martins foi atleta do Parede Futebol Clube na modalidade de futebol.
Pelos serviços prestados a este clube a sua Direcção endereçou-lhe um ofício de agradecimento com data de 27 de Julho de 1933, antecedendo a sua partida para África, onde permaneceu vários anos.
Fica o registo da sua acção e o direito a figurar na memória da gente desta terra
dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima

Com o pontão construído pelo Banheiro Joaquim Nunes Matos para retenção da areia que todos os anos, na época das marés vivas, desaparecia do local.
Visível a modernização das instalações de apoio aos banhistas e a barreira de suporte das arribas ao longo de toda a praia.
dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima

Muitos alugavam toldos e barracas protectoras, e ao retornarem encontravam junto de si as mesmas famílias de anos anteriores.
Era o tempo do longo período de férias de Verão, que se prolongava por vários meses, com início para muitas escolas no final de Junho e apenas se dando início a novo ano lectivo no dia 6 de Outubro.
Viviam-se 3 meses de praia e de saudável convívio, com fortalecimento do clima de amizade entre paredenses residentes, e com aqueles que todos os anos voltavam nesta época.
Nas décadas de 40, de 50 e de 60 do século passado, em qualquer das praias da Parede repetia-se.
São muitos os registos recolhidos, onde uma juventude despreocupada se reunia diariamente, praticando natação e remo, manobrando pequenas embarcações típicas da Parede, os denominados “charutos” e as “chatas”.
Num dos típicos “charutos “, Carlos Pinto dos Santos, sua futura mulher Maria Alice Barra, Eliana Alves da Cunha e Henrique Madeira na Praia das Avencas

A Roleta dos Barquilhos
Praia Grande – Praia da Parede
Consistia numa caixa cilíndrica, metálica, com tampa provida de uma Roleta.
Os clientes faziam-na girar até que um ponteiro parasse em frente de um número a que correspondia a quantidade de barquilhos a que tinha direito.
Custava cada volta, 2 tostões, o equivalente a 0,1 cêntimos na moeda.
(Roleta dos Barquilhos aqui rodada por Catarina Beatriz Melo Faria Branco (Tininha Faria) e Maria José Osório,)
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dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima


