
Café / Restaurante Limo Verde
December 25, 2022
Pastelaria Arca Doce / Casa dos Queques
December 25, 2022Manuel Maria Duarte, o Manecas da Pastelaria Monte-Rei na Avenida da República, na Parede, é mais um símbolo da terra, um exemplo de vida de esforço, subida a pulso, desde que, com a idade de 11 anos deixou a vila da Vacariça, no concelho
da Mealhada, onde nasceu em 17 de Janeiro de 1938.

Como tantos outros garotos cujas histórias passam desconhecidas pela memória do tempo, a de Manuel Duarte tem a sua origem numa família de quatro irmãos, cujo Pai, serrador de madeiras e a Mãe, trabalhadora do campo de enxada na mão, com um salário de 10 escudos diários, não conseguiram aguentar a família unida com sustento garantido.
Dos irmãos, Euclides veio da terra para trabalhar no Monte Estoril e o mais novo, de seu nome completo Arménio Cardoso Duarte, empregou-se na Figueira da Foz, ambos na indústria hoteleira.

Em 1949, terminada a 4.ª classe da instrução primária, foi entregue a um conterrâneo de nome Diamantino, indo trabalhar para a Pastelaria Novo Dia, na Avenida S. Pedro, no Monte Estoril, estabelecimento de que este era proprietário e inaugurara no ano anterior.
Ali permaneceu durante dez anos, auferindo o ordenado mensal de 150$00, mas descontando metade deste valor para pagamento do alojamento e da alimentação dispensados pelo patrão.
Na procura de melhores condições arranjou mais tarde colocação no Hotel do Guincho e depois
deste, no Hotel Baía, em Cascais.
Após 13 longos anos, sem férias e tendo por cama uma saca de serapilheira, passando provações que recorda como marca inesquecível de um passado sofrido, Manecas vem finalmente trabalhar para o Monte-Rei quando este estabelecimento era apenas Café. Corria o ano de 1963 e com o dinheiro que a vida lhe permitiu amealhar, tomou a sua exploração pelo montante de 110 mil escudos.
Foi o início de uma nova e longa etapa até aos dias de hoje, transformando o que fora apenas um Café, numa reconhecida e conceituada Pastelaria na qual a qualidade do seu fabrico se deve à arte e conhecimento de Manuel Maria Duarte.
Nos anos 70 deu sociedade a uma cunhada, D. Ilda, que regressara de Moçambique com o marido, irmão de sua mulher, sem recursos, após a independência daquele território.
Recordando em conversa rápida o seu trajecto de vida, orgulha-se do passado e do sucesso que alcançou, unicamente com o seu esforço de muitos anos.
E a este orgulho junta a alegria de ter dois filhos, o mais novo Paulo Francisco, com a profissão de médico-dentista, exercendo na Parede e Luís, o mais velho, explorando um restaurante em Alcabideche.

dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima


