
Leitaria Belomar
December 25, 2022
Pastelaria Monte Rei
December 25, 2022Década de 50, a Parede viu nascer outro dos seus carismáticos centros de convívio, proporcionando aos paredenses mais um local para o velho hábito de “ir ao café”.
O Café-Restaurante Limo Verde, cuja construção se iniciou em 1952, num projecto do arquitecto Nereus Fernandes, sendo técnico responsável o engenheiro Mário Rodrigues e seu proprietário José Dias, veio proporcionar aos paredenses condições até então inexistentes na terra, com amplo espaço de restaurante, café e esplanada e ainda salão de jogos – bilhar e snooker para além de local de festas no terraço do edifício, atraindo desde a data da sua abertura, em 1960, grande número de clientes.
O proprietário, que investira tudo quanto amealhara ao longo de uma vida dedicada aos negócios de carvoarias e tabernas, mandou construir um edifício,
misto de habitação e comércio, no centro da terra, conquistando à concorrência,
durante vários anos, a preferência dos seus habitantes. Nesta actividade se empenhou a família, mulher e os dois filhos, José e Manuel.


José Dias, fundador e primeiro proprietário do Café-Restaurante Limo Verde, nasceu em 8 de Novembro de 1912, na localidade de Fungalvaz, pertencente à freguesia de Assentis do concelho de Torres Novas, no Distrito de Santarém, no seio de uma família de 3 irmãos.
Na sua terra natal frequentou a terminou a 3.ª classe da Escola Primária. Sem possibilidade em prosseguir nos estudos, cedo começou a trabalhar, empregando-se numa pedreira na aldeia de Chão-de-Maçãs, pequena localidade do Distrito de Santarém, dividida entre dois concelhos – Ourém e Tomar. Mais tarde, veio trabalhar para a pedreira de
Monsanto, em Lisboa.
Nesta zona da capital fez amigos e se fez homem trabalhador, em busca de um futuro melhor.
Um dia, um tasqueiro galego, proprietário de uma tasca na rua da Capela, no Bairro da Serafina, pretendendo ir de férias, pediu-lhe para ficar a tomar conta da tasca durante a sua ausência. O estabelecimento, com carvoaria como era usual naquela época, suscitou o interesse de José Dias, levando-o a propôr ao galego a sua compra. Aceite o negócio, nele empenhou as suas economias, iniciando a partir daí uma nova etapa da sua vida com crescente sucesso.
Em 1935 casou com D. Emília de Jesus e deste casamento nasceram os dois filhos – José e
Manuel.
Em 1944/1945 veio para Oeiras para trabalhar noutra tasca/carvoaria que acabou por comprar.
No estabelecimento de Monsanto deixou como encarregado um dos seus empregados.
Comprou ainda outra tasca com carvoaria em Cascais, na rua do Poço Novo e outras duas na
rua D. Luís de Moura e no Largo do Prior.
Com outra que adquiriu em Belas tornou-se proprietário de 6 tascas, em todas mantendo o
negócio de carvoaria.
No Largo do Prior em Cascais, comprou um terreno onde começou a construir um prédio.
Como precisasse de cascalho para entulho para esta obra, as suas deambulações conduziram no um dia à Parede e vendo um terreno em pleno centro da terra, propriedade da família Faria da Silva, comprou-o. Decidiu então passar todas as tascas, vender o terreno do Largo do Prior e construir finalmente o prédio Limo Verde.

A envergadura da obra, misto de estabelecimento comercial e habitação, exigiu um grande esforço, tendo recorrido ao aluguer de algumas fracções para conseguir o rendimento necessário para amortizar o empréstimo entretanto contraído.
Manteve o negócio até á data do seu falecimento em 23 de Abril de 1972, passando nessa data a gerência a ser assumida pelos dois filhos, já seus anteriores colaboradores. Mais tarde, quando José, o mais velho, decidiu ir para África, ficou apenas entregue ao mais novo, Manuel.
Em 1980 este abandonou a actividade, passando a empresa a nova gerência.
Demonstrando um espírito comum a muitos outros estabelecimentos comerciais da Parede, também o “Limo Verde” promovia a confraternização entre todos os seus colaboradores.
Como testemunho desses convívios, a fotografia de uma equipa de futebol constituída por empregados e patrões, com a presença do casal fundador.

D. Emília de Jesus Dias (1), José Dias (2), Gonçalves (3), Idalino Lopes (4), Jorge (5), Fernando Rocha (6),
Lima (7), Fernando (Poupinhas) (8), José (9), Domingos (10), Joaquim (11), NN (12), Lemos (Galego) (13),
Bernardino (14), José de Oliveira dos Santos Dias (15), Manuel de Oliveira dos Santos Dias (16), NN (17) irmão de (10) e Fernando (18)

Na data, o correspondente, Wenceslau Balseiro Guerra, ofereceu “um fino beberete” a diversas entidades convidadas. O café-restaurante “Limo Verde” foi o palco escolhido para a cerimónia. Na fotografia que ilustrava a notícia, reconhecem-se as três personalidades centrais, os senhores Wenceslau Guerra (1), o médico Dr. Artur de Azevedo Rua (2) e o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Eng. António de Azevedo Coutinho (3).


1–João Jacquet, 2–José António de Almeida, 3–José Manuel Custódio, 4–Mário de Almeida, 5–António Guerra
6–José Artur Lezameta, 7–António de Almeida Marques,8-Eduardo Lima, 9- Manuel José Meira de Carvalho

dos livros ” Parede a terra e a sua gente”
autor – José Pires de Lima


